- Diário de uma Criança que não nasceu
Ontem foi meu aniversário... Eu ia completar um mês de vida. Pensei que você, Mamãe, fosse me dar uma festinha, assim como todas as mães fazem quando estão gravidas.
Pensei que você, Mamãe, fosse dar no Papai o beijo que gostaria de dar em mim... No entanto, a festinha não foi alegre como eu esperava...
De fato, você foi à farmácia e comprou o meu presente. Pena que este presente tenha causado a minha morte e você não chorou nem um pouquinho...
Por que Mamãe? Porque logo no dia do meu aniversário?
Pensei que você fosse ficar feliz com a minha chegada, Eu sabia que, por alguns meses, eu iria estragar a tua elegância, contudo eu havia prometido a mim mesmo que ficaria apertadinho para não te prejudicar.
Deixaria para crescer depois que nascesse. Eu sabia que no teu ventre a escuridão seria grande, porém , mais tarde eu contaria a todos a felicidade de ter como minha mãe.
Eu conversaria com você quando estivesse triste, faria tudo para que a alegria voltasse e durasse naquele sorriso que, só as vezes, você sabe dar. Eu queria tanto crescer... tanto....
Eu plantaria no chão da minha existência muitas rosas, para que o teu perfume embriagasse os homens. Eu queria muitas coisas, mas você não sentiu.... Você me assassinou....
Engraçado... Acreditei que os pais amassem seus filhos a ponto de lhes dar a própria vida. Contudo, Você não me deixou que eu vivesse a minha vida que eu mal começara.
Espero que você tenha se arrependido para que não aconteça o mesmo com os meus irmãozinhos que estão para virem.
Eu lhe perdôo, apesar de tudo.
E apesar de tudo o que aconteceu, eu ainda sei que ficou um pouco de mim em você..
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